Monday, July 21, 2014

Conhecer ídolos pessoalmente...será que é uma boa idéia?

Quem me conhece sabe que sou vidrado pela banda de rock progressivo Yes. Há mais de quarenta anos, com diversas formações diferentes, os caras continuam a manter um padrão excelente de musicalidade. Uma das razões que mais me fascinam nesse grupo é que não consigo tocar quase nada do seu material mais antigo, de tão complexo. Não que eu seja um grande músico, longe disso. Mas a realidade é, se consigo tocar quase igual ao arranjo de um disco, perco grande parte do meu respeito pelo músico. Ou seja, o cara é tão mequetrefe quanto eu... 

Outro dia quase enfartei quando descobri que não somente o Yes estaria tocando bem próximo de onde moro, como ainda por cima, tocariam meu álbum predileto da banda, "Close to the edge", na íntegra, além do "Fragile", meu segundo álbum favorito. Fizeram um show parecido quando estava no Brasil háum ano atrás, porém, não pude vê-los. 

É bem verdade que Rick Wakeman e Jon Anderson, dois dos grandes membros da banda, não estão na formação atual. Porém, o cantor atual tem uma voz parecida, e Geoff Downes é um bom tecladista. Bem melhor do que não ver o Yes pelo menos mais uma vez.

Quando fui comprar os ingressos, acabei caindo na página da banda, que oferecia um pacote que permitia conhecer os músicos.

Por um curto momento, me perguntei, será que vale a pena?

A resposta veio logo. Não vale.

Não sou mais nenhum frango, e nos meus cinquenta e poucos anos, tive a oportunidade de conhecer alguns "ídolos" pessoalmente. Francamente, para quem nutre o sonho de conhecer "x" ou "y", digo-lhes, desfaça-se logo desse sonho.

Um amigo me perguntou se queria que lhe apresentasse um piloto que era amigo seu, e que ele sabe, aprecio muito e não conheço pessoalmente. Mas já me avisou, de antemão, que "o cara é chato!". Logo desisti da empreitada, e continuo a apreciar seus feitos na pista. Ele lá, e eu aqui. Bem longe.

Fiquei pensando. Vou lá, pago uma grana para ir falar pro cara que amo sua música desde que sou guri, etc, enquanto ele tenta dar atenção para trezentas outras pessoas ao mesmo tempo que estão falando a mesma coisa, e nem vai se lembrar quem sou. Meu amigo, sei que não vai se tornar. E tampouco vai se importar com minhas "fabulosas" tiradas sobre passagens das músicas prediletas!!! Sem contar que provavelmente estarão mais interessados nas tietes do sexo oposto...Ou seja, pagação de mico.

Para a banda é ótimo. Enchem o bolso com uma grana a mais, numa das suas últimas tours. Para o público, provavelmente fonte de desilusão...

Prefiro que fiquem rodando na minha mente os trechos magníficos da sua obra, e que os "ídolos" fiquem onde estão. Eles lá, bem longe, e eu aqui.  


Friday, July 18, 2014

Quantidade x qualidade

É praticamente impossível encontrar um comercial ou anúncio da Rolls Royce. Não vou dizer que visualmente são meus carros prediletos, porém, é inegável a qualidade dos bichos. Numa era em que o popular é frequentemente o mais relevante, pelo menos é assim que os motores de busca qualificam as coisas, qualidade intrínseca fical difícil achar. O que não significa que ela não exista, ou que frequentemente não acaba superando a mediocridade. Olhe lá, digo isso sendo um dos maiores críticos da suposta meritocracia. Porém, popularidade e pré-julgamentos preponderam até mesmo no julgamento de qualidade.

Quando Ayrton Senna morreu o número de pilotos brasileiros em atividade no exterior ainda era relativamente pequeno. É verdade que há diversos fatores por trás disso. Entre outras coisas, cabe lembrar que o Brasil começava a entrar numa fase de inflação baixa pela primeira vez em muitos anos, e câmbio estável. Porém, depois da morte de Senna, o número de pilotos brasileiros no exterior aumentou sobremaneira, chegando a exceder a centena no seu auge. De fato, a certa altura dos acontecimentos só na Fórmula Indy eram 10, chegamos a ter mais de 6 na Fórmula 3000, além de pilotos em séries locais e regionais nos Estados Unidos, México, Japão, Austrália, Argentina, Alemanha, Itália, França, Inglaterra. Até mesmo na Índia tivemos um representante!

Apesar desse enxame de pilotos, não apareceu, nos vinte anos desde a morte de Senna, um substituto à sua altura, e, de fato, hoje só temos um piloto na F1 e dois na Indy. A quantidade acabou caindo, sem que a qualidade tenha melhorado.

Algo semelhante ocorre com o futebol. Não se enganem, futebolistas brasileiros no exterior já existiam desde os anos 50. Embora nenhum jogador das nossas seleções de 58, 62 e 70 atuasse no exterior na época dessas Copas, a grande maioria dos jogadores da Copa de 58 acabou jogando pelo menos um ano fora, muitos no México, depois do grande evento. Porém, os nossos jogadores lá fora eram poucos até os anos 80. O mercado da bola mudou, e hoje há um número incrível de jogadores brasileiros em quase todas praças futebolísticas do mundo.

Ocorre um efeito curioso no futebol, que parece copiar a cartilha do automobilismo. A quantidade aumentou estupidamente, porém, a qualidade é desejável. Sim, o sonho de todos é encontrar um novo Pelé no Brasil, ou pelo menos um novo Ronalducho, assim como o sonho era encontrar um novo Senna. E assim como centenas de pais enterraram verdadeiras fortunas financiando mal sucedidas carreiras de filhos no automobilismo no exterior, há algumas dúzias de fundos de investimento que fazem exatamente a mesma coisa com as carreiras dos jogadores brasileiros. Sem contar uma outra meia dúzia de empresários, advogados e consultores, que parecem "estar em todas".

A grande quantidade de jogadores brasileiros atuando fora nos dá uma noção errada de que ainda somos o país da bola, assim como o grande número de pilotos em dezenas de categorias mundo afora nutria a ideia de que éramos um país de Sennas até alguns anos atrás. A grande quantidade não resultou em excelente qualidade em nenhuma das duas disciplinas.

Para quem já viu contratos de jogadores profissionais brasileiros na Europa, como eu, chega-se à conclusão de que há muita ilusão no meio do nebuloso negócio da bola. Os jornais estão cheios de notícias de contratações de jogadores brasileiros, indicando cifras notáveis, porém, esquecem (ou não sabem) que tais contratos geralmente estão repletos de complicadas cláusulas de desempenho. O jogador tem o POTENCIAL de ganhar milhões por ano. Isto se jogar sempre, e jogos inteiros. Se jogar "x" minutos, ganha uma porcentagem pequena. Se o time não ganhar títulos, o cara fica a ver navios. Sem contar multas para tudo. Se o atleta se machucar, fica ganhando somente o salário fixo, que muitas vezes não passa de 10.000 euros por mês. Um contrato que tive a oportunidade de inspecionar, de um atleta atuante na Rússia, EXIGIA que o atleta aprendesse russo, caso contrário, o contrato podia ser desfeito! Ou seja, os contratos são cheios de "pegadinhas".

Quem ganha com a coisa são, de fato, aquela mesma meia dúzia de fundos de investimentos, empresários, middlemen, advogados e consultores que aparentam estar "em todas", na venda, frequentemente precipitada, dos contratos dos jogadores. Muitos desses jogadores, frequentemente jovens que dois ou três anos moravam na favela e são de origem humilde, voltam para o Brasil desiludidos, ou acabam se embrenhando por praças menos conhecidas ainda. Alguns conseguem refazer a carreira no Brasil, outros não.

O ponto é que eventualmente, quem paga a conta (nesse caso, os times no exterior) acaba se enchendo com a enxurrada de pernas de pau exportada pelo Brasil. Há muitos jogadores indo jogar lá fora que não são grande coisa. Os times, que pagam pelos seus passes, eventualmente podem achar melhores negócios em outros países das Américas, África e Leste Europeu. De fato, na mesma forma que no automobilismo, hoje há um número muito maior de países de origem de futebolistas de qualidade. Até mesmo muitos jogadores da Ásia participantes da Copa atuam na Europa.

Ou seja, se a situação do futebol seguir a do automobilismo, o futuro nos reserva uma surpresa negativa.

Tuesday, July 15, 2014

A seleção brasileira e Detroit - um semi paralelo curioso

Embora os americanos não tenham inventado o carro, a verdade é que, em poucos anos, o país passou a dominar a fabricação de automóveis, que eram exportados para o mundo inteiro. O grande segredo dos americanos foi a criação da técnica de fabricação em massa, desenvolvida pela Ford e logo adotada pelas outras montadoras locais. Embora os europeus também tivessem diversos fabricantes, eram os carros, caminhões e ônibus americanos que faziam sucesso mundo afora.

Veio a segunda guerra mundial, devidamente ganha pelos aliados. De fato, estes só tomaram a dianteira com a entrada dos americanos, que além de contribuir muito pessoal, colocou á disposição das forças anti-Hitler todo poderio industrial americano, inclusive a indústria automobilística. A cidade de Detroit era orgulhosamente chamada de capital mundial do automóvel nessa época.

Após a guerra, os EUA, e sua indústria automotiva, continuaram a dominar mundialmente. Sou suficientemente velho para lembrar que os imensos carros americanos ainda eram o sonho de consumo de todo brasileiro, apesar da nascente indústria automobilística local, e sinônimo de qualidade. E cabe notar que no pós guerra, um dos perdedores da guerra, o Japão, nem tinha indústria automobilística.

Veio o Marshall Plan, e os anos 60, e aí algo curioso aconteceu. À mesma medida que a indústria automotiva crescia no Japão, a americana dava sinais de desgaste. À mesma medida que a qualidade dos carros japoneses aumentava, as grandes 4 montadores americanas colocavam nas ruas um projeto pior que o outro. Num curto espaço de vinte anos, os japoneses, que mal fabricavam carros nos anos 50, foram obtendo fatias cada vez maiores não só do mercado americano, mas mundial, com o keiratsu, just-in-time, e diversas outras técnicas industriais inventadas pelos engenhosos nipônicos. Ganhavam na quantidade e na qualidade.

Eventualmente, o setor automobilístico americano teve que encarar o óbvio - suas técnicas eram ultrapassadas, os produtos também, e a qualidade precisava melhorar, e muito. Um sinal do claro déclínio da outrora grandiosa indústria foi o constante colapso da cidade de Detroit, que recentemente inclusive declarou falência.

Os americanos tiveram que pedir arrego, e para sobreviver, engolir o orgulho de outrora hegemônico gigante e implementar o keiratsu, o just in time e as técnicas de controle de qualidade dos japoneses, pois o modelo americano se exaurira.

Hoje o setor sobrevive, apesar da quase hecatombe ocorrida em 2008, mas está longe de ser saudável.

Temos aqui um semi-paralelo. Digo semi por que, afinal de contas, o futebol nasceu na Europa, já era praticado antes naquele continente antes de vir para o Brasil. E antes do Brasil ganhar seu primeiro título mundial, a Itália e Alemanha já tinham ganho seus primeiros títulos.

Porém, nos últimos cinquenta anos, o futebol brasileiro foi considerado exemplo para o mundo inteiro. Padrões de jogo, habilidade e qualidade dos jogadores, com uma geração de craques após a outra, muitos dos quais foram jogar no exterior, maravilhando torcedores em todos os continentes. E agora a indústria do futebol brasileiro se vê na mesma situação de Detroit nos anos 70, 80. Obviamente alguém melhorou MUITO, enquanto nós pioramos MUITO. E precisamos engolir o orgulho, e obter ajuda. De fora.

Senão o futuro do nosso futebol é o mesmo da cidade de Detroit.      

Saturday, July 12, 2014

Noções

Com essa desastrosa atuação do Brasil, algumas coisas foram aprendidas. Algumas noções têm que ser repensadas e mudadas.

Primeiro, obviamente, o fator CASA não foi benéfico para o Brasil. Não foi benéfico para o Brasil como não tem sido benéfico para muitos países nos últimos anos. De fato, a última seleção a ganhar a Copa sediando a mesma foi a França. É verdade que para a FIFA, isto é semi-desastroso, pois a noção de que é uma vantagem para um país sediar a Copa, em termos de colocação final, é certamente importante para convencer um país a gastar bilhões e ganhar muito pouco com a realização do evento, como foi o caso do Brasil. A Rússia que se cuide.

Diria que o principal fator que prejudica os países sede é justamente não participar das eliminatórias, e ter participação garantida. É o mínimo que a FIFA pode fazer para o país-sede, entretanto, obviamente prejudica. No caso do Brasil o problema tem sido histórico, exceto pelas Copas de 58 e 62. Sempre que tivemos participação garantida por ganhar a Copa, e nesta última Copa, por sediá-la, nos demos mal, com a exceção de 1998. Como o Brasil não participou das eliminatórias pré 98 e 2006, por ter ganho a Copa anterior, e pré 2014 por sediá-la fica óbvio que isto tem muito a ver.

Participar da eliminatória ajuda um time a ser formado e a ser competitivo. Os diversos amistosos e a meia-boca Copa das Confederações obviamente não ajudaram o Brasil. Sem contar o uso de dois técnicos com visões obviamente diferentes e dúzias de jogadores, muitos dos quais ninguém esperava ser convocados para a Copa.

Sendo assim, há uma certa luz no fundo do túnel. O próximo técnico terá uma fase classificatória pela frente, e se montar um time que não joga em função de Neymar, o Brasil pode ser apresentar bem na Rússia.

Diria inclusive que o Brasil deveria parar de convocar tantos jogadores que atuam no exterior. Além do salto alto, na realidade, alguns dos "estrangeiros" não são muito talentosos. Exemplo, Hulk. Fiquei chocado em saber que este jogador, que consegue me dar saudades de Paulo Cesar Caju e Denilson, outros dois fanfarrões, ganha 2 milhões de reais por mês! Não se trata de inveja de alguém que ganha menos. Se fosse um Ademir da Guia, um Dirceu Lopes, um Edu, jogadores que eram excepcionais, porém nunca ganharam fortunas, não acharia nada errado. Porém, Hulk não demonstrou ter muito talento e não foi eficaz. Quem sabe jogue melhor no seu time, porém, para mim merece uns 20.000 reais por mês e olhe lá...

Acho que seria preferível o Brasil montar uma equipe com jogadores locais, embora treinados com fundamentos alemães. Muitos dos nossos jogadores não são lá essa coisa, e além disso, atuam em diversos países diferentes. Imagino que as convocações sejam feitas com base em observações de olheiros - como o furado Gallo que recomendou a tática a ser usada pela Alemanha.

A noção, na realidade, verdade histórica de que nenhum time europeu ganha copa nas Américas parece prestes a cair por terra. Que me desculpem os argentinos, mas para mim a Alemanha é óbvia favorita, 70% contra 30% pelo menos.

Essa noção também tem sido útil para a FIFA. por uma razão óbvia, é muito menos custoso e mais fácil para torcedores europeus irem para uma Copa na Europa, assim como é menos custoso e mais fácil para os das Américas irem para uma Copa nas Américas. Se a quebra do tabú vai afetar o número de visitantes nas próximas Copas realizadas nesses continentes, fica a dúvida.

Portanto, esse mesma quebra de tabú é uma indicação de que as diversas teorias conspiratórias que veiculam no Facebook e internet em geral não passam de estória para boi dormir. Os brasileiros em geral são maus perdedores, e estas fábulas são um claro exemplo disso. A história Nike-Adidas é de morrer de rir. Para a FIFA, que tem que convencer governos a gastar bilhões, faria sentido o Brasil ganhar a Copa, e fazer crer que sediar a Copa é uma vantagem, do que manipular o resultado em favor da Alemanha! E também seria muito mais interessante ter uma final de americanos, e perpetuar o mito "europeu não ganha nas Américas".

Quem sabe esta realmente tenha sido a Copa das Copas, por derrubar tantos mitos ao mesmo tempo.

Friday, July 11, 2014

Decisões tomadas por misticismo dá nisso

Lembro-me que havia um músico brasileiro que, diziam, tocava com um falso percussionista no palco. Supostamente, o dito cujo era pai de santo, ou coisa do tipo, e sua presença ali era para dar sorte. Como o músico é baiano, poderia ser também parte da imagem do baiano nas artes, frequentemente alinhada com o candomblé e religiões afro-brasileiras. Sei lá eu se todos realmente seguem tais religiões, pelo menos um baiano indicou num livro que não era muito chegado hoje em dia e sabe-se lá desde quando largou sua paixão pelas religiões afro. Porém o fato é que fez muitas músicas com temas religiosos no curso da sua carreira, ele e diversos dos seus colegas.

Na realidade, no caso deste outro músico, devia ser papo, pois o tal percussionista toca muito bem percussão. Não estava ali só para "dar sorte", com certeza. Se é ou não pai de santo, aí é outra história.

Longe de mim querer iniciar celeumas religiosas, não é o ponto deste blog.

Entretanto, me parece que muitas decisões referentes a escolhas de técnicos para as seleções brasileiras nos últimos 20 anos foram tomadas com um embasamento mais místico do que propriamente técnico.

Muita gente adorava dizer que o Zagalo "dava sorte", por ter sido o único, além de Pelé a ter ganho três Copas, duas como ponta-esquerda e uma como técnico. Convém lembrar que alguns meses antes da Copa, o técnico ainda era João Saldanha, que, abertamente comunista, não caía bem para os militares que governavam o país.

Atribuir a vitória em 1970 à sorte de Zagalo seria uma blasfêmia, pois quem sabe, com aquele time, até eu como técnico teria ganho. E com os nove anos que tinha na época. Bastava dizer "vão jogar bola".

A sorte de Zagalo (cujo nome passou a ser gravao Zagallo mais tarde...) não ajudou muito em 1974, e ele dançou, continuando sua carreira de técnico. Porém, algum gênio resolveu chamá-lo como assistente de Parreira, para a Seleção que disputaria a Copa de 94. Cabe lembrar que em 1990 a fraquíssima seleção tinha atingido o fundo do poço e a Seleção precisava de reforços de todos os tipos.

Para alegria dos místicos, o Brasil ganhou a Copa de 1994. Pronto, surgia o único tetra da parada, nem Pelé tinha esse título. Sim, o sortudo Zagallo, com um ou dois L, era o cara, a energia positiva do time, o ímã de sorte do selecionado canarinho. Com ele no banco estávamos garantidos.

Portanto, não foi com muita surpresa que o técnico convocado para liderar o Brasil em 1998 tenha sido o próprio Mário Zagallo, o amuleto vivo da seleção. E não é que o Brasil chegou à final? Bom, chegar à final não significa ganhar. Sendo assim, pelo jeito as "energias" de Zagallo estavam se exaurindo com o passar do tempo e ele foi mandado para escanteio.

Daí a Seleção passou por uns maus bocados, com diversos técnicos, e quem acabou sendo chefão foi Scolari, o Felipão. Chefão e ganhou a Copa de 2002. Apesar deste sucesso, Scolari caiu fora, e foi ser técnico na Europa, encher o bolso de Euros.

Zagallo acabou virando assistente mais uma vez, entre 2003 e 2006. Quem sabe nos 4 anos fora tivesse recarregado suas energias sortudas? Porém, apesar de um elenco forte, o Brasil se deu mal em 2006.

Curiosamente, com tanto técnico no Brasil, a CBF resolve contratar o Dunga, um dos heróis do time de 1994, como técnico do time. Sim, o primeiro trabalho de Dunga como técnico foi na Seleção!!! Seria algo assim como dar um Fórmula 1 para um moleque de 18 anos que acabara de tirar a carteira (e nunca dirigiu carro ou kart). Não se falou nada sobre as virtudes sortudas de Dunga, porém, o teimoso gaúcho perseverou no comando do selecionado, e considerando que era estreante, não fez feio. Só não chegou nem perto das finais.

Imagino que a a mesma veia mística tenha levado à escolha de Felipe Scolari, que "deu sorte" em 2002. Independente de claros sinais de desgaste do técnico, em grande parte responsável pela queda do Palmeiras da série A do Campeonato Brasileiro. O Scolari já tinha visto melhores dias.

Certamente a escolha de Zagallo durante tantas Copas tinha um elemento de misticismo, pois o carioca há muito tempo não conquistava nada. Estaria no banco nas últimas só para dar sorte?

No final das contas, nem Zagallo, nem Dunga, e nem o Scolari de 2014 deram sorte.

Nosso País tem um número incrível de cursos universitários, alguns até engraçados. Porém, desconheço que haja algum curso para técnicos de futebol. Se o futebol for levado à sério daqui para frente, seria interessante criar um curso deste tipo, e deixar para trás os "professores" que assumem times logo após pendurar as chuteiras, com fraca teoria, péssimos conhecimentos táticos e uma boa dose de preguiça. Afinal de contas, se os times Classe A não se recusam a pagar até 700 mil por mês aos tais "professores" (coitados dos verdadeiros professores), para que se esforçar mais?

Infelizmente, tirar o futebol brasileiro da sarjeta vai requerer uma atitude diferente, inclusive eliminar o fator sorte como critério de escolha de treinadores.

Cartão das Lojas Marisa - como jogar dinheiro no lixo

Em uma recente e rápida passagem pela cidade de São Paulo, minha esposa e eu passeávamos faceiramente na Rua Augusta, e ela, por incrível que pareça, viu algo que gostou na Lojas Marisa, uma cadeia que sempre detestou. Entramos na loja e ela resolveu comprar o artigo.

Fomos pagar, e aí a gentil caixa nos ofereceu o cartão da loja, com 10% de desconto. Disse que não, ela simpaticamente insistiu, e embora já tivesse tido problemas com um cartão de loja nos EUA, aceitei. Duas outras mocinhas, uma simpática, e a outra não tanto, nos atenderam num outro setor, o do crédito. Ficaram muito tempo conosco, parecia que eu estava comprando uma casa. Garantiram que tudo sairia "nos conformes".

Como não moro no Brasil, a conta iria para a casa da minha sogra. Esta nunca chegou. Por sorte, minha esposa teve que passar por SP novamente, um mês depois, por questões de doença na família, e resolveu ir na loja e pagar a conta que não chegava. Lá descobriu que apesar da demora para finalizar o cadastro, a "especialista em crédito" tinha anotado um endereço inexistente!!! Esta foi, obviamente, a razão de não receber a fatura.

Pois bem. Fatura paga, recibo na mão, papo encerrado. Adeus, Lojas Marisa.

E as Lojas Marisa continuam a ligar para a casa da minha sogra. Resolvi entrar no site, e enviei um email explicando toda situação. Nunca recebi resposta. Julguei o caso por encerrado.

E as Lojas Marisa continuam a ligar para a casa da minha sogra, ameaçando colocar meu nome no Serasa. Fizemos uma ligação, e uma gentil atendente ouviu o que tinha dizer. Ouviu, porém, acho que não compreendeu, ou fingiu que não entendeu. Disse que por ter sido paga com atraso, encargos no valor de 26,65 reais incidiam na fatura anterior, que fora paga. Ou seja, lá se foi pela janela o propalado desconto. Expliquei-lhe, mais uma vez, que quem tinha anotado o endereço errado fora a representante das Lojas Marisa.

Como uma autômata, continuou a falar enquanto eu falava. Disse que a culpa não era dela, etc e tal. Ora, sabia que a culpa não era dela, porém, se ela estava ali para me atender, resolver o problema, que me atendesse.

Daí a burra (só posso me referir a ela desta forma) me disse que eu poderia pagar no Banco Bradesco. Já tinha dito, mais de uma vez, que morava em Miami, e não ia ao Brasil com frequência. Cada coisa que lhe pedia, a resposta nada tinha a ver com a pergunta, parecia um papo de bêbados. Só ficou claro que quem estava errado era eu, e as Lojas Marisa, certa, apesar de todas evidências ao contrário. Detalhe, a tal fatura cobrando os encargos, após minha esposa pagar a primeira fatura e corrigir o endereço na loja, nunca fora enviada.

Por fim, já perdendo a paciência, pedi-lhe que me desse informações sobre como pagar pela internet, meu único recurso sem ter que alugar familiares ou amigos para pagar uma merreca de 27 reais. Ela me deixou esperando na linha, para piorar, com uma música horrível, que em vez de me acalmar, me deixou mais nervoso.

Daí voltou á carga. Deu o CNPJ e nome da administradora de cartões, um código. e disse que assim podia pagar na Internet!!!  

Desisti com tanta burrice e incompetência. A gentil moçoila (sua grande virtude foi continuar educada, apesar de eu ter semi-rodado a baiana umas duas vezes, para ver se chamava sua atenção) simplesmente se esquecera de dar o número da conta, ou mesmo indicar qual era o banco.

Enfim, nada resolvido.

Na pior da hipóteses, a Lojas Marisa treina muito mal as moças que trabalham tanto nas lojas ou nos SAC. Educadinhas elas são, incompetentes e burras também!! Em boa dose.

Resta saber se não tem rolo por trás. Pois aqui nos EUA aconteceu a mesma coisa com um cartão da GAP.

Será que o ponto da coisa não é justamente anotar um endereço inexistente, para recuperar o desconto e ainda ganhar um troco em cima?

Em suma, Lojas Marisa nunca mais.

Thursday, July 10, 2014

Algo a se pensar

Desde que Pelé se aposentou no futebol brasileiro, em 1974, com certeza centenas de milhares de rapazes tentaram fazer a sua marca no esporte, começando nas categorias de base. Alguns atingiram nível profissional, passando a vida jogando nas centenas de Ibis e Moto Clubes desta nossa terra, jogando até por arroz e feijão. Alguns poucos fizeram carreira decentes em times razoáveis, outros tantos em times grandes, e um número menor ainda atingiu fama. Alguns chegaram a estatura de ídolos, tornando-se ricos. Entretanto, nenhum chegou aos pés do Pelé.

Sei que não se trata de uma unanimidade. Alguns vão dizer que Garrincha jogava mais, que Zico era o cara, tem até música para o fraco Fio. Porém, se não vamos atingir o consenso numa base subjetiva, que seja objetiva. Ninguém marcou mais gols. Nenhum jogador ganhou três Copas como ele. Nenhum jogador fez um lance tão bonito, que não foi gol, mas o juiz ainda assim marcou o tento! Nenhum jogador fazia parar guerras quando chegava num país. Nenhum jogador jogava bem em todas as posições - até no gol Pelé jogou numa partida e não fez feio. Nenhum jogador era aplaudido por juízes, adversários e torcidas dos adversários, em todos os países onde pisava. Reis, Papas e Presidentes queriam conhecê-lo de perto. Nenhum negro era tão respeitado no Brasil nos anos 50, 60.

Sim, como pessoa pública Pelé já falou muita besteira, sobre uma série de assuntos. Todo homem público faz isso. Não é nenhum Einstein, e certamente, fora do futebol tem poucos talentos. Porém, é um poço de simpatia, sim, a simpatia é um dos seus talentos. Nas três vezes em que interagi pessoalmente com ele, me tratou muito bem, como se fosse meu amigo de infância. Continua a representar bem a imagem do Brasil aqui fora.

Não digo tudo isso por que sou torcedor do Santos. Digo isso por que Pelé foi, e é, sem dúvida, o rei do futebol mundial e merece respeito, apesar da opinião dos despeitados Maradonas.

Quando ocorreu a primeira Copa no Brasil, Pelé tinha meros nove anos, e morava longe de qualquer cidade onde foram realizados jogos. Estava a muita distância do Maracanã naquele fatídico dia do Maracanazo. Foi uma realidade bem distante do Edson Arantes do Nascimento, a Copa de 1950.

Nesta Copa de 2014, um dos grandes heróis do Brasil já é um senhor. Não vive mais da bola, mas de sua imagem. E se o Brasil estivesse na final, e ganhasse a Copa, lá estaria Pelé no mesmo Maracanã de 1950.

Existe um pouco de justiça no fato do time ter se perdido naquele final de tarde de uma terça-feira. Isto porque, a meu ver houve um grande desrespeito. Enquanto o Brasil ia se aproximando do hexa, alguém resolveu que era hora de colocar o condenado filho do grande jogador, Edinho, na cadeia.

Não vou entrar nos méritos da culpa ou não de Edinho, até por que não segui o processo, não sei detalhes e não posso, e nem devo, me manifestar sobre o assunto. Só sei que poderiam ter esperado para colocar o filho do grande jogador numa cela comum. Podiam esperar duas, três semanas. Não havia tanta premência assim para tirar Edinho da sociedade durante Copa, afinal de contas, ele não cometeu nenhum hediondo crime de sangue.

Houve um grande desrespeito com a pessoa do herói nacional Pelé, isso sim. Alguém que não gosta muito de futebol, do Santos, do Pelé, ou quem sabe outra razão pior ainda, de cunho pessoal, alguém quis aparecer.

Daí digo que houve uma certa justiça na nossa derrota, pois agora Pelé não terá que fazer o papel constrangedor de comparecer ao Maracanã, risonho, no domingo, para comemorar uma possível vitória do Brasil. Se quiser, pode ficar tranquilo em casa, chorando o destino do filho.

Nesse ponto, o 7 x 1 foi um bálsamo.  

O país que não sabe honrar seus heróis não merece muitas conquistas.