Sunday, August 25, 2013

A economia mundial e o Barcelona

Lembro-me que a questão de uns dois anos atrás a imprensa brasileira comemorava o fato de o Brasil ter subido no ranking de economias mundiais. Muitas pessoas celebraram o fato no Facebook como se o Brasil tivesse ganho sua sexta Copa do Mundo. E não foi uma coisa sectária, longe disso. Gente de todos os matizes políticos, inclusive um conhecido líder comunitário brasileiro aqui nos EUA (bem informado, de passagem) comemorou o fato com uma pueril dose de orgulho que chegava a assustar.

Foi um momento, nada mais do que isso. O Brasil produz em reais, portanto, o PIB é medido em reais. Para sua conversão em dólares, usa-se a taxa de câmbio corrente, aplicável ao período. Sendo assim, com a moeda valorizada, o PIB vai ser alto, ameaçando o PIB britânico. Com desvalorização, a história é outra, obviamente, e caímos no ranking mundial.

Na realidade, somos assim, nós brasileiros. Não somos muito pé no chão. Faz parte da composição emocional do nosso povo. Até nos mais altos escalões, festejou-se a boa reação da economia brasileira à crise internacional de 2008 com referências jocosas a "marolinhas", e pede-se "Pibão" publicamente, como se alguém fosse ou pudesse atender o chamado. A economia internacional é um complexo emaranhado de coisas, afetada pela saúde de sistemas financeiros, oferta e procura, clima, erosão ou valorização de moedas, situação de diversas economias diferentes, bolhas, bolsas mil, políticas públicas, leis, muita especulação. A conjunção de fatores positivos fez com que subíssemos no ranking mundial, porém, a reação assaz antagônica ao capital internacional o afastou do Brasil, para nunca mais voltar.

Em outras palavras, somos arrogantes quando a coisa está indo bem, e ficamos nas nuvens, nos "achando".

Que me leva ao caso Barcelona. Já em 2011, o time catalão deu uma bela sova no Santos, que na época não só contava com Neymar, mas também com Ganso, Borges e Elano. Segue a lógica que a diretoria do time deveria, depois disso, considerar o Barcelona um time de um nível muito melhor do que o Santos, e qualquer confronto evitado, para não passar outra vergonha, principalmente com a decomposição do elenco.

Pois bem, o que faz a diretoria? Negocia Neymar com o Barcelona, e como parte do pagamento, cria um plano esdrúxulo para "ampliar" a imagem internacional do time, a marca Santos no exterior. O Barcelona concorda em jogar um amistoso no Campo Nou, com a renda revertendo para o Santos, que certamente se esqueceu rapidamente do jogo de 2011. Com um alta dose de arrogância ou ingenuidade, ou mistura dos dois, o tiro deu pela culatra. O Santos perdeu de 8 x 0, a marca "Santos" ficou maculada no exterior, se não para sempre, pelo menos por um bom tempo, e a ficha caiu.

Como caiu a ficha de que o milagre econômico atual foi tão efêmero e inconsistente quanto o dos anos 70. Pé no chão é a melhor coisa. Se você cai, não dói muito. Voar é bom, mas a queda é muito mais dolorosa.

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