Saturday, August 17, 2013

O câmbio e a Copa

Quem não sabe que a Copa será realizada no Brasil no ano que vem? Todo mundo. Aliás, há diversos anos que já estamos ouvindo falar sobre o tal evento grandioso, quão maravilhoso será para o Brasil, etc. Que muitos negócios serão alavancados, principalmente na área da construção, infraestrutura e turismo, gerando milhares, centenas de milhares de empregos. Que o evento colocaria o País no radar internacional, provando que finalmente chegamos próximos de ser Primeiro Mundo. Etc, etc, etc.

Curiosamente, um ano antes da realização do faraônico evento, a palavra crise parece voltar a fazer parte do cotidiano do brasileiro. Nosso pibão virou pibinho, o Eike de bilionário virou mero multi-milionário (tadinho!!), e a inflação parece estar rondando. Pelo menos até agora a construção de novos hoteis, expansão de aeroportos e dos estádios não parece ter trazido tantas benesses a nível macroeconômico.

Porém, sem dúvida, mesmo que as manifestações de rua continuem, e muita gente deixe de vir para a Copa, nunca um evento trouxe tantos turistas ao Brasil como a Copa de 2014 trará. Diversos carnavais juntos, quem sabe, 20 carnavais seriam necessários para juntar tanta gente no reinado tupiniquim.

Na equação dos benefícios da Copa, calculou-se que centenas de milhares de turistas entrangeiros, ou algo assim, viriam ao Brasil gastar muitos dólares. Ou seja, no curto espaço de um mês, entraria muita grana no Brasil, grana de dar inveja aos milhões gastos diariamente por brasileiros em lojas do mundo inteiro.

Só que existe um pequeno problema.  Vamos falar de números. É certo que não sou nenhum Pascal, admito ter lá meus problemas com os algarismos, entretanto, não sou também um completo boçal. Digamos que os turistas estrangeiros sejam 500.000, e que, em média, cada um gaste 10.000 reais durante a sua estadia no Brasil. Fora passagens, claro, pois o dinheiro das passagens acaba sempre ficando lá fora. Dá nada menos do que 5 bilhões de reais. Já ouvi falar em 10 bilhões de reais.

Se a Copa tivesse ocorrido naquela época em que o governo energicamente atacou o câmbio a R$1,60, há uns dois anos atrás, teriam entrado no Brasil 3,125 bilhões de dólares. Ocorre que câmbio de 1,60 já era, de fato, já se fala com uma preocupante normalidade em câmbio a 2,70, ou seja 1,85 bilhões de dólares. Uma grande diferença!

Todos sabemos que na hora "h", os lojistas, restaurantes, etc vão tentar subir seus preços. Mas ainda assim, mesmo que subam, as divisas em dólar que entrarão no Brasil na Copa estão sendo dizimadas pelo câmbio.

Só os hoteis provavelmente sairão ganhando, pois normalmente têm seus tarifários em dólares. Taxis, lojas, supermercados, farmácias, empresas de serviços, companhias aéreas domésticas, e até mesmo restaurantes têm que pegar leve. Sim, virão muitos turistas, porém, não poderão abrir mão da clientela brasileira, que por bem, por mal, ainda será a maioria.

É bem verdade que se pensarmos bem, até 3 bilhões é pouco dinheiro, comparados com os bilionários leilões feitos pelo BACEN diariamente para tentar conter (sem sucesso) a alta da moeda americana.

A grande moeda, entretanto, é a moeda eleitoral.

Não sou advinho, porém, algo me diz que o câmbio vai estar um pouco mais valorizado lá pelos idos da Copa. Em agosto de 2014 a gente conversa.

No comments:

Post a Comment