Saturday, June 22, 2013

A simples solução para o Brasil no curto prazo - ou não

Não se assustem. Não sou conselheiro da presidenta Dilma. Na realidade, nunca fui, nem pretendo ser servidor público. Nada tenho contra servidores públicos, porém, me adequo mais à iniciativa privada, pois não sou uma pessoa muito política. Em suma, não é minha praia. Minha praia, na realidade, é a praia. Que por sinal, estava ótima hoje.

Voltando ao assunto sério, e vou deixar o lado jocoso de lado agora, só vejo uma solução de curto prazo para o Brasil, no momento. Obviamente, é uma solução das  mais pacíficas, e incrivelmente, política além de racional. Nada de golpes, impeachment, lei marcial, revolução ou quebra-quebra. Isso não resolve nada.

O povo brasileiro obviamente tem uma série de reivindicações e preocupações. Nos últimos dias, pudemos ver que além do aumento de R$0,20 nas passagens de ônibus em SP e outros lugares, o povo quer a retirada de Calheiros da presidência do Senado, preocupa-se com a remoção de poderes investigatórios do Ministério Público, redução de idade para responder a processos criminais, eliminação do voto obrigatório, Ato Médico, cura gay, inflação e a corrupção. Ainda acho que o grande problema é a iminência da volta da hiper-inflação, mas, suponhamos que realmente não seja este o ponto crucial da revolta popular.

Só um ingênuo poderia crer que algo pode ser realmente feito em relação à corrupção num curto espaço de tempo. Afinal de contas, é um problema que temos desde 1500, quando os primeiros portugueses pisaram no Brasil. Alguns destes foram comidos, e outros recebidos como deuses, e agraciados com um monte de mulheres pelos índios. Este último teria sido o primeiro ato de corrupção da nossa pátria. Comprar a paz de invasores (ou deuses), em troca de mulherada. Podem rir, mas é sério. Seríssimo.

Sendo assim, a corrupção está na nossa política há muito tempo, 513 anos para ser exato. Entretanto, no Brasil temos a mania de achar que nossa política é a única corrupta do mundo. Enganam-se. Existe em todos os países, inclusive nas civilizações consideradas mais civilizadas! A roubalheira no sistema de medicare nos EUA, por exemplo, soma aproximadamente 100 bilhões de dólares por ano.  Quanto a impunidade, um ex-presidente de uma rede de hospitais que mais roubou do Medicare nos anos 90 hoje ocupa o governo do estado onde vivo. E nunca foi punido pelo ato da empresa que chefiava. Onde existe política, existe corrupção, por que o poder intrinsicamente corrompe.

Isto posto, não significa que nada deva ser feito. Segundo escrevi anteriormente, o combate à corrupção no Brasil tem que começar com todos nós, eliminando o "jeitinho" brasileiro do nosso dia a dia, a lei do Gerson da qual tanto nos orgulhamos. Quando escrevi isso outro dia, muita gente não gostou, inclusive disseram que parecia artigo encomendado pelo PT...

Voltanto à solução. Para mim é claro que Brasília precisa elencar as reivindicações principais, que possam ser constitucionalmente resolvidas com um sim ou não, e deve então realizar um grande plebiscito nacional. Ouviram bem, a solução fácil é um plebiscito.

Existem aqui dois perigos grandes, porém uma grande vantagem. A vantagem é que o povo quer seu ouvido, e esta é a única maneira de ser efetivamente ouvido. Os dois grandes perigos são os seguintes. Se somarmos o número de pessoas que efetivamente foi às ruas em todas as cidades, provavelmente, temos 20 milhões de almas. Isto corresponde a 10% da população brasileira, e provavelmente 15% do eleitorado (considerando que muita gente que foi ás ruas também não tinha idade eleitoral). Estas são as pessoas que se importam o suficiente com os problemas para ir às ruas e enfrentar a polícia. Existe uma possibilidade que estas pessoas não representem a vontade da maioria do eleitorado brasileiro, portanto, se perderem no plebiscito, devem acatar a decisão da maioria.

O outro grande perigo é acostumar o povo a plebiscitos. Não existe nenhum país do mundo governado por plebiscitos, e não creio que o nosso difícil Brasil será o primeiro. O povo terá que entender que esta é uma medida extraordinária e uma oferta de boa fé do governo.

Sei que provavelmente não sou o único a pensar assim, e tenho certeza inclusive que a própria presidenta já pensou no assunto. Também estou ciente de que o "establishment" político não vai gostar muito desta história, até porque democracia plena é uma coisa complicada, complicadíssima, por que não dizer, utópica.

E de novo, fácil é ser oposição, difícil governar.

Boa sorte ao nosso querido país.

1 comment:

  1. Talvez você me corrija, mas a Grécia foi a princípio governada por algo semelhante a plebiscitos... não?
    Então a pergunta: sería possível talvez, não governar completamente, mas pelo menos incluir leis polemicas em plebiscitos facultativos? Sei que o Estados Unidos faz isso, e funciona. Colocaria um ponto final em um monte de protestos e discórdias, se Cura Gay ou PEC 37 é uma polemica nacional, deixe o povo decidir.

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