Tuesday, December 10, 2013

Minhas recomendações para a FIA

Fiquei tão animado com a pontuação dupla na final do campeonato de F1 na tradicional pista de Abu Dhabi, onde feras como Nuvolari, Fangio, Clark, Stewart e Senna fizeram grande parte da história do automobilismo, que resolvi dar umas sugestões para a FIA, para melhorar um pouco o nosso querido campeonato. Não precisa me pagar, Todt. O que eu quero é muita emoção genuína.

Primeiramente, adotar a pontuação da NASCAR. Garanto que a coisa ficará mais estreita. Será também a única oportunidade de a Marussia e a Caterham marcarem pontos antes de fecharem as portas.

Acho também que o grid de todas as corridas deve adotar o inverso da classificação final do ano anterior. Assim, o Vettel larga em último em todas as corridas, e as Caterham na frente. Vai ser muito emocionante ver as Caterham e Marussia brigando pela liderança por dez metros, sem contar o grande número de batidas nos primeiros metros. Quem sabe assim o Alonso ganha um campeonato para a Ferrari.

Outra opção seria colocar o Vettel largando em último em todas as corridas. Punição por ser tão bom. Meritocracia ao contrário. Ah, e colocar uns 50 kg a mais no seu carro, o menino é muito magrinho.

Ou então, voltar aos anos 30. Sortear as posições da largada, chega de qualifying determinar as posições da largada. Até pode continuar com o qualifying, afinal, é um programa de TV a mais, porém, as posições seriam sorteadas.

Além disso, para aumentar o elemento jogo da categoria, um piloto seria sorteado por corrida. Seu prêmio, perder os pontos ganhos na corrida (todos ganhariam pontos com a pontuação NASCAR). Fico imaginando a cara do sujeito. Ainda bem que o Chris Amon já se aposentou há muito tempo, senão iria ser sorteado todas as vezes.

Um folguedo. Todos os carros seriam abastecidos pela FIA. Alguns receberiam menos combustível (por sorteio), assim aumentando as emoções do final da corrida.

Algo interessante, se for adotada a pontuação da NASCAR, seria dar um ponto por cada volta que um piloto ocupar o último lugar. Assim o pessoal da retaguarda tem chances de ganhar o campeonato. Para garantir ultrapassagens na frente, cada volta na liderança seria punida com um ponto. Garanto que as emoções seriam grandes e a estratégia mudaria. Nivelaria muito a coisa.

Quanto a troca de pneus, sou completamente a favor. Entretanto, o próprio piloto trocaria seus pneus. A única ajuda dos boxes seria levantar o carro. O piloto sairia do bólido na hora do pitstop, e tiraria e colocaria seus próprios pneus. Ora bolas, ganham o suficiente para fazer isso, não é mesmo? Chega de mordomia. Além disso, as equipes economizariam bastante em salários e uniformes, não precisariam mais de 35 mecânicos para trocar pneus.

Também acho que os pilotos que fazem a volta mais rápida devem ser punidos por tanta pressa. Na corrida seguinte, devem perder cinco pontos, sem choro nem vela. Acho que FIA também poderia dar uma multa por excesso de velocidade, e assim engrossar um pouco seus cofres.

São só algumas das minhas humildes ideias para melhorar o espetáculo. Não precisa dizer que fui eu que sugeri.

Tuesday, November 5, 2013

A questão das biografias não autorizadas e por que meu dito cujo já lotou

Recentemente reninauguraram um supermercado imenso próximo da minha casa. A grande novidade estava no pessoal que empacota as mercadorias para os fregueses. Quando era guri, o pessoal que fazia este serviço no Peg-Pag da Rua das Palmeiras invariavelmente tinha uns 10 a 14 anos de idade, só um pouco mais velhos do que eu. Como os tempos mudam. No meu Publix local, a grande maioria dos empacotadores é composta de distintos senhores, alguns aparentemente com mais de setenta anos nas costas.

Alguns até parecem estar felizes de ganhar uma grana a mais. Porém, muitos parecem fazer o serviço com muito mau humor.  Afinal de contas, sonhavam na idade do ouro fazer cruzeiros, jogar dominó o dia inteiro, ler jornais em papel enquanto estes existem, enfim, sumariamente coçar. Não ficar empacotando alimentos que não podem comprar por causa do preço ou não podem mais consumir por causa dos ingredientes. Triste estado de coisas, a tão sonhada e propalada aposentadoria americana mal dá para pagar as contas, provavelmente vão morrer empacotando, estes velhinhos. Vão empacotar empacotando.

Parece-me que esta questão das biografias não autorizadas tem um pouco disso. Cantores ou cantoras setentões, que sonhavam aposentar-se só recebendo o din-din dos seus discos, agora são forçados a fazer shows, intermináveis shows pelo país afora, pois quase ninguém mais vende - ou ganha dinheiro - com discos no Brasil. Pelo menos não os medalhões de outrora, o pessoal a MPB. Sim, há aquelas magníficas caixas com todos ou quase todos os discos dos artistas, aquela que você sonhou em comprar, porém, na hora de pagar algumas centenas de reais, desistiu rápido. Aquelas caixas que provavelmente vendem uns poucos milhares de unidades, afinal de contas, onde estão as lojas de CDs? Para ganhar uma grana, os velhos artistas têm que ralar, embora a voz já não ajude, ficar de pé duas horas muito menos, carregar o violão é um sufoco, jogar o microfone pro lado e ensaiar uma dancinha seja complicado. Pô, acabaram com minha aposentadoria, dizem os cantantes setentões. Não é uma brasa, mora! Agora o público faz download ilegal direto, copiam CDs dos amigos em ipads ou então chupam as músicas do youtube. Acabou a mamata eterna.

Sendo assim, me parece que a questão não tem absolutamente nada a ver com privacidade. Tem a ver com grana. Um ressentimento de que não somente a tecnologia deu um golpe letal na sua aposentadoria, mas ainda por cima tem nego querendo ganhar dinheiro em cima da suada fama adquirida depois de anos e anos de trabalho.

Essa coisa de celebridades quererem privacidade é complicada, a meu ver. Primeiro, fazem de tudo para estar constantemente na mídia, e depois, quando a mídia quer explorar aquilo que eles próprios iniciaram, aí querem privacidade. Esquece mano, você vendeu sua alma à mídia! Se quiser que falem do seu trabalho, ser chamado para uma entrevista, ser contextualizado, tem que deixar sua imagem ser explorada sem remuneração. É o preço.

Tem o outro lado da história. Imagino que alguns autores destas biografias acham que o público tem o direito de saber o que seus ídolos aprontaram no passado. Se fizeram parte de orgias, se fumaram crack, se tiveram relacionamentos homossexuais, se deram grana para partidos políticos, se foram amigos de militares,  se deram golpes, se bateram nas esposas, etc. Dizem que estão prestando um serviço ao público!!! Não estão não, estão querendo encher o bolso de dinheiro, só isso!!!

Francamente, o mundo não vai mudar por que foi feita uma devassa na vida dos reis do iê-iê-iê, da MPB, da tropicália ou do samba, ou as rainhas e reis das novelas globais. Gosto de música e TV, porém, a vida desses astros da música, ou de qualquer celebridade, em nada vai mudar o curso da sociedade ou levar a uma reflexão mais apurada do nosso País, não tem nenhuma utilidade intrínseca para a sociedade. Qualquer que seja o autor.

Já livros sobre figuras históricas ou história pura - mesmo que passeie pelo campo das indiscrições, como comentar o esquisito serviço prestado a Dom João VI pelo seu mordomo - certamente nos ajudam a compreender a formação e situação da nossa sociedade. Meu medo é que esta questão impeça o lançamento, em alguns anos, de livros sobre certas figuras que deitam e rolam na nossa política e vida pública.

Para mim, a questão é toda GRANA. Ponto final.

Monday, September 2, 2013

O poder da síntese

Comece lendo a última frase deste texto e depois volte ao início. Boa viagem.

Quase todo grande escritor ou pensador deixa como legado uma ou diversas belas frases, que com um extremo poder de síntese, explicam ou abrem o leque para compreender profundas verdades sobre a natureza ou a alma humana. Muitas vezes, apesar da produção de milhões de palavras em livros e artigos, o intelectual acaba sendo lembrado pela numericamente humilde, porém, bem colocada frase.

Sem dúvida, a capacidade de síntese é um dom ímpar e raro. Eu mesmo, dado a umas tortas letras, vez por outra crio "pérolas" que pelo jeito só brilham na minha cabeça, "máximas" que no meu ver, se emparelham em estatura com frases geniais e antológicas de Rui Barbosa e William Shakespeare, mas que não passam de fraseúnculas de efeito, nada mais.

Considere o seguinte. Nunca na história da humanidade, houve tanta gente com títulos de doutorado, pós doutorado, mestrado ou bacharelado. Terminar o curso secundário, numa época sinônimo de maturidade intelectual, hoje é uma coisa corriqueira até em países dos mais pobres. De fato, o terrivel analfabetismo, que condenava para a ignorância milhões e milhões de mentes, hoje é terreno de uma minoria. Nunca também houve tanta gente com domínio, ou pelo menos conhecimentos, de mais de um idioma.

Junta-se a isso a internet, que supostamente "democratizou" a informação no mundo, possibilitando acesso instantâneo a bilhões de textos sobre quase todos os assuntos em uma grande multiplicidade de idiomas. Só não dá os números certos da mega-sena com antecipação- e de fato - nada que o vai enriquecer financeiramente. Essas informações ainda permanecem secretas e protegidas a sete chaves, e  só alguns poucos privilegiados têm acesso às mesmas...Certas coisas nunca mudam.

Paradoxalmente, com tantos canudos na parede e na cabeça, com relativamente pouco analfabetismo,  e com a democratização da informação, as pessoas se comportam cada vez mais como analfabetas e autômatos. Respondemos com mais presteza e exatidão a ícones desenhados do que frases inteligíveis, na mesma forma que um analfabeto escolhe o produto certo no super-mercado por reconhecer a embalagem.

Por outro lado, vivemos num mundo de frases feitas, palavras de ordem e soundbytes (ou soundbites), usados sem qualquer limite na publicidade, na mídia, no jornalismo. Estamos ficando condicionados a consumir somente o curto e grosso.

Para piorar, as redes sociais nos deram a impressão de que é possível ser extremamente relevantes com uma frase construída com pouco cuidado, com muita generalização barata e com parco conteúdo. O twitter não só incita, como exige que o indivíduo dê seu recado em 140 toques do teclado.

Por último, a tecnologia também nos leva a abreviar, usar emoticoms, e escrever torpedos que certamente não seriam entendidos a meros 10 anos atrás, levando ao uso de frases sem verbos, adjetivos ou advérbios desenhados, sem conjunções, e abreviaturas desnecessárias e nem sempre padronizadas, dado o pequeno ou nulo custo da transmissão da informação. Frases equivalentes a "eu Tarzã, você Jane". Ou melhor, "Me Trz, vc Jn".

O resultado é óbvio. Monstruosidades desconexas e vulgares circulam nas redes, como se fossem resultados de mentes iluminadas, mas não passam de simplórias frases de efeito. De máximas nada têm, na melhor da hipótese, são mínimas. E bote mínimo nisso. Em suma, para criar uma relevante máxima, é preciso ter o raro dom da síntese.

Se você leu este texto na íntegra, parabéns. Você faz parte de uma minoria que não desiste no meio do caminho de qualquer texto com mais de 140 toques.

Sunday, August 25, 2013

A economia mundial e o Barcelona

Lembro-me que a questão de uns dois anos atrás a imprensa brasileira comemorava o fato de o Brasil ter subido no ranking de economias mundiais. Muitas pessoas celebraram o fato no Facebook como se o Brasil tivesse ganho sua sexta Copa do Mundo. E não foi uma coisa sectária, longe disso. Gente de todos os matizes políticos, inclusive um conhecido líder comunitário brasileiro aqui nos EUA (bem informado, de passagem) comemorou o fato com uma pueril dose de orgulho que chegava a assustar.

Foi um momento, nada mais do que isso. O Brasil produz em reais, portanto, o PIB é medido em reais. Para sua conversão em dólares, usa-se a taxa de câmbio corrente, aplicável ao período. Sendo assim, com a moeda valorizada, o PIB vai ser alto, ameaçando o PIB britânico. Com desvalorização, a história é outra, obviamente, e caímos no ranking mundial.

Na realidade, somos assim, nós brasileiros. Não somos muito pé no chão. Faz parte da composição emocional do nosso povo. Até nos mais altos escalões, festejou-se a boa reação da economia brasileira à crise internacional de 2008 com referências jocosas a "marolinhas", e pede-se "Pibão" publicamente, como se alguém fosse ou pudesse atender o chamado. A economia internacional é um complexo emaranhado de coisas, afetada pela saúde de sistemas financeiros, oferta e procura, clima, erosão ou valorização de moedas, situação de diversas economias diferentes, bolhas, bolsas mil, políticas públicas, leis, muita especulação. A conjunção de fatores positivos fez com que subíssemos no ranking mundial, porém, a reação assaz antagônica ao capital internacional o afastou do Brasil, para nunca mais voltar.

Em outras palavras, somos arrogantes quando a coisa está indo bem, e ficamos nas nuvens, nos "achando".

Que me leva ao caso Barcelona. Já em 2011, o time catalão deu uma bela sova no Santos, que na época não só contava com Neymar, mas também com Ganso, Borges e Elano. Segue a lógica que a diretoria do time deveria, depois disso, considerar o Barcelona um time de um nível muito melhor do que o Santos, e qualquer confronto evitado, para não passar outra vergonha, principalmente com a decomposição do elenco.

Pois bem, o que faz a diretoria? Negocia Neymar com o Barcelona, e como parte do pagamento, cria um plano esdrúxulo para "ampliar" a imagem internacional do time, a marca Santos no exterior. O Barcelona concorda em jogar um amistoso no Campo Nou, com a renda revertendo para o Santos, que certamente se esqueceu rapidamente do jogo de 2011. Com um alta dose de arrogância ou ingenuidade, ou mistura dos dois, o tiro deu pela culatra. O Santos perdeu de 8 x 0, a marca "Santos" ficou maculada no exterior, se não para sempre, pelo menos por um bom tempo, e a ficha caiu.

Como caiu a ficha de que o milagre econômico atual foi tão efêmero e inconsistente quanto o dos anos 70. Pé no chão é a melhor coisa. Se você cai, não dói muito. Voar é bom, mas a queda é muito mais dolorosa.

Saturday, August 24, 2013

O ressentimento das elites

Lembro-me que quando foram lançados os celulares no Brasil, ter um aparelho era um símbolo de status que devia ser mostrado com alarde e pompa. Logo os dispositivos foram se proliferando, ao ponto que hoje o Brasil tem mais celulares do que gente! Acho que tem gente dando celulares até para o cachorro.

Daí vieram os smartphones, o que deu uma chance para o pessoal chegado num status a provar novamente um gostinho de exclusivismo. Não demorou muito. Não há tantos smartphones no Brasil, ainda, porém há um número suficiente para tirar a aura de exclusividade do produto.

Foi assim com telefones normais, com video-cassetes, computadores de mesa, laptops, até com carros. Quando era criança, ter um carro no Brasil era coisa séria. A frota no país não passava de 2 milhões de carros. Os anos foram passando, as coisas mudando, e daí, mais recentemente, até gente da classe C começou a comprar carros, financiando a perder de vista.

Curiosamente, como o brasileiro de classe média para cima tem muita consciência de status, quase a nível de obsessão, algumas pessoas mais abastadas, parte das "elites" do país pelo jeito sentem ressentimentos quando "gentinha" começa a ter acesso às coisas que antes eram domínios seus.

O mesmo ocorre na área de viagens, principalmente viagens internacionais. Houve época em que viajar para o exterior era coisa para classe A mesmo. Depois a classe B começou a ter acesso, e hoje, até a classe C pega o seu passaporte e se manda. A mesma revolta aflige aqueles elitistas que lembram com suspiros os "bons tempos".

Acabei de ler o livro "Guia Politicamente Incorreto da Filosofia", de Luis Felipe Pondé, o qual recomendo.

Entretanto, fiquei estarrecido com a visão do escritor em relação ao assunto viagens. Disse que não quer mais viajar, basicamente, por dizer que virou coisa de "gentinha". Aeroportos cheios, crianças gritando, locais turísticos sendo profanados. Já não seria mais "chique" viajar.

O autor dá uma dica de que não seria bem os aeroportos cheios, ou crianças gritando, ou gente profanando locais turísticos que afetaria a sua sede de viagens; começa o livro narrando uma viagem à Islândia, um local que lhe agradou justamente por não ser cheio de turistas. Ou seja, ainda rende algum Ibope dizer que viajou para a Islândia.

A realidade é que é puramente uma questão de status. Paris, Roma, Nova York e Londres sempre estiveram cheios de turistas, pelo menos nos últimos 40 anos. O que é diferente é que hoje em dia não é muita vantagem para um brasileiro de alta classe dizer que esteve alguns dias nas maiores metrópoles do mundo, pois brasileiros de um estamento mais baixo não só tem condições, como viajam para estes locais. Por isso perdeu-lhe a graça, Sr. Pondé.

Como perdeu a graça fazer farol com celular, carro, laptop, etc.

Vaidade das vaidades, Pondé, como dizia o Rei Salomão. Quem viaja para outros países para absorver culturas diferentes, e não para dizer que escreveu um ensaio em Kensington, vai continuar viajando.

Friday, August 23, 2013

A História da Imprensa Brasileira, Oscar Pilagallo

Quando comprei este livro, tinha uma certa expectativa. Todos temos, quando compramos um livro. E de fato, na primeira metade o livro atendeu plenamente minhas expectativas.

Porém, a certa altura do campeonato, algo aconteceu. Vou comparar a um outro livro, com um assunto completamente diferente, a "História do Automobilismo Brasileiro", de Reginaldo Leme. No começo, o livro discutiu todos aspectos do batalhador automobilismo brasileiro. Entretanto, a partir de 1970, o livro poderia ser chamado de "História dos Pilotos Brasileiros na Fórmula 1", pois basicamente quase todos centímetros do livro, a partir desse ano, eram dedicados aos pilotos brasileiros na categoria maior do automobilismo. Como se o automobilismo doméstico tivesse sumido.

No caso deste tomo, não se trata da Fórmula 1, lógico, porém, a Folha de São Paulo e Estado de São Paulo. É bem verdade que são de longe os dois principais jornais do estado, por que não dizer do Brasil. Porém, o livro deixa mais perguntas a responder, sobre uma série de outros jornais que apareceram e desapareceram com o passar dos anos, e parece ser um livro sobre a Folha e o Estadão, com a Veja e Isto É fazendo papeis secundários.

Não me lembro de ter visto nenhuma menção sobre "O Dia", nem tampouco do "Popular da Tarde". Como se deu o desaparecimento de Notícias Populares, Última Hora, A Gazeta, Diário da Noite, Folha da Tarde. A Gazeta Esportiva foi tratada com o mais completo desdém, o declínio dos Diários Associados não mereceu muita explicação. Não me lembro de ter sido mencionado que o Diário de São Paulo tinha sido da Globo até recente, e falou-se muito pouco sobre o jornalismo televisivo em  São Paulo. E o nome de Orestes Quércia não aparece em lugar nenhum, que eu me lembre.

É bem verdade que o subtítulo avisa que se trata de um livro sobre "Jornalismo e Poder de D. Pedro I a Dilma", e que sem dúvida, a NP, UH, Gazeta etc, certamente não contribuiram muita coisa no cenário político. Obviamente, Gazeta Esportiva teve pouco efeito na política brasileira, exceto em eleições no Corinthians.

Vale a pena comprar o livro pela primeira metade, cheia de deliciosos fatos.

Melhor teria sido se o autor tivesse dado o título "Jornalismo e Poder de D. Pedro I a Dilma", com o subtítulo "Uma História da Imprensa Paulista". Faria mais sentido.

Um dos fatos mais curiosos foi a grafia utilizada pelo autor para o Jornal Nacional da Globo, sempre escrito "Jornal nacional", com a palavra "nacional" em letras minúsculas. Obviamente, o autor não é muito fã do JN...

Saturday, August 17, 2013

O câmbio e a Copa

Quem não sabe que a Copa será realizada no Brasil no ano que vem? Todo mundo. Aliás, há diversos anos que já estamos ouvindo falar sobre o tal evento grandioso, quão maravilhoso será para o Brasil, etc. Que muitos negócios serão alavancados, principalmente na área da construção, infraestrutura e turismo, gerando milhares, centenas de milhares de empregos. Que o evento colocaria o País no radar internacional, provando que finalmente chegamos próximos de ser Primeiro Mundo. Etc, etc, etc.

Curiosamente, um ano antes da realização do faraônico evento, a palavra crise parece voltar a fazer parte do cotidiano do brasileiro. Nosso pibão virou pibinho, o Eike de bilionário virou mero multi-milionário (tadinho!!), e a inflação parece estar rondando. Pelo menos até agora a construção de novos hoteis, expansão de aeroportos e dos estádios não parece ter trazido tantas benesses a nível macroeconômico.

Porém, sem dúvida, mesmo que as manifestações de rua continuem, e muita gente deixe de vir para a Copa, nunca um evento trouxe tantos turistas ao Brasil como a Copa de 2014 trará. Diversos carnavais juntos, quem sabe, 20 carnavais seriam necessários para juntar tanta gente no reinado tupiniquim.

Na equação dos benefícios da Copa, calculou-se que centenas de milhares de turistas entrangeiros, ou algo assim, viriam ao Brasil gastar muitos dólares. Ou seja, no curto espaço de um mês, entraria muita grana no Brasil, grana de dar inveja aos milhões gastos diariamente por brasileiros em lojas do mundo inteiro.

Só que existe um pequeno problema.  Vamos falar de números. É certo que não sou nenhum Pascal, admito ter lá meus problemas com os algarismos, entretanto, não sou também um completo boçal. Digamos que os turistas estrangeiros sejam 500.000, e que, em média, cada um gaste 10.000 reais durante a sua estadia no Brasil. Fora passagens, claro, pois o dinheiro das passagens acaba sempre ficando lá fora. Dá nada menos do que 5 bilhões de reais. Já ouvi falar em 10 bilhões de reais.

Se a Copa tivesse ocorrido naquela época em que o governo energicamente atacou o câmbio a R$1,60, há uns dois anos atrás, teriam entrado no Brasil 3,125 bilhões de dólares. Ocorre que câmbio de 1,60 já era, de fato, já se fala com uma preocupante normalidade em câmbio a 2,70, ou seja 1,85 bilhões de dólares. Uma grande diferença!

Todos sabemos que na hora "h", os lojistas, restaurantes, etc vão tentar subir seus preços. Mas ainda assim, mesmo que subam, as divisas em dólar que entrarão no Brasil na Copa estão sendo dizimadas pelo câmbio.

Só os hoteis provavelmente sairão ganhando, pois normalmente têm seus tarifários em dólares. Taxis, lojas, supermercados, farmácias, empresas de serviços, companhias aéreas domésticas, e até mesmo restaurantes têm que pegar leve. Sim, virão muitos turistas, porém, não poderão abrir mão da clientela brasileira, que por bem, por mal, ainda será a maioria.

É bem verdade que se pensarmos bem, até 3 bilhões é pouco dinheiro, comparados com os bilionários leilões feitos pelo BACEN diariamente para tentar conter (sem sucesso) a alta da moeda americana.

A grande moeda, entretanto, é a moeda eleitoral.

Não sou advinho, porém, algo me diz que o câmbio vai estar um pouco mais valorizado lá pelos idos da Copa. Em agosto de 2014 a gente conversa.

Friday, July 5, 2013

O que o Brasil precisa é de mais um Ministério

Convenhamos, os governos brasileiros, sejam de qual matiz, têm uma grande proclividade, quase uma intestina necessidade de criar ministérios às pencas. E digo mais, MAXIstérios, pois de mini nada têm. Que eu me lembre, por incrível que pareça, só o Caçador de Marajás diminuiu o número de ministérios do seu governo, dizimando-os com um único e certeiro golpe à bordo de potentes Ferraris e caças da FAB.

Sendo assim, chega-se à conclusão de que o brasileiro, de modo geral, se amarra num ministério. Ministério e canetas. Pois com canetadas muitas soluções são dadas. Alguns mais cínicos diriam que são criados problemas pelas canetas, porém eu não sou cínico, sou como a Velhinha de Taubaté, e tenho convicção de que as canetas são nossas amigas. Não os lápis - estes são falsos amigos, escrevem, porém o que escrevem pode ser facilmente apagado.

Diz também a sabedoria popular que no Brasil tudo termina em pizza. Ou seja, desde as grandes às pequenas decisões terminam com alguém discando o número de uma pizzaria para "delivery" ou então se locomovendo para uma animada pizzaria.

Ocorre que a pizza, enquanto instituição nacional, tem sido desrespeitada. Primeiro, o preço. Pelo menos em São Paulo, a pizza já teve dias mais humildes. Hoje não é difícil encontrar pizzas de 50 ou mais reais. Já ouvi falar de pizzas de 100 reais, vejam só. Um aburdo! De que adianta aumentar o  salário mínimo,  ao mesmo tempo em que o preço das pizzas sobe além do Pico da Neblina? O coitado do cara que ganha pouco não pode tomar nenhuma decisão séria na vida, pois não tem grana para a pizza, e as Casas Bahias não vendem pizza a crediário.

Houve época em que a até a gurizada podia comprar uma pizza após a pelada. Hoje, só mesmo  o Neymar pode arcar com o fabuloso custo da pizza para todos, a pizza comunitária.

Lembremos também que ainda por cima, é a pizza uma das principais receptoras do tomate, o criminoso mor da nação.

Depois, tem os arrastões. Muitos deles têm acontecido em pizzarias, provavelmente onde estão sendo tomadas decisões que norteiam os destinos da nação. Não sei se isto ocorre nas pizzarias de Brasília, mas tem ocorrido com uma preocupável frequência nas pizzarias de São Paulo, onde afinal de contas, rola a grana do país. E onde rola a grana, rolam as decisões, não se iludam.

Isto posto, me parece que temos que colocar ordem na pizza brasileira. Ordem e progresso, diria mais. Não basta colocar muzzarela e orégano.

O Brasil precisa do Ministério da Pizza, não só para regulamentar os preços da pizza, como patrulhar as pizzarias e garantir a paz daqueles ambientes nos quais se decidem as nossas mais profundas questões. A pizza precisa continuar a ser acessível a todas as classes sociais, é o fulcro da nossa democracia. De nada adianta um diploma das Faculdads Anhanguera, sem pizza! Precisamos já da BOLSA PIZZA. Se a pizza ficar comprometida no Brasil, não temos futuro como sociedade. A pizza é parte essencial da nossa evolução e perto da pizza o pré-sal é pinto.

Não tenho dúvidas de que uma vez criado, o Ministério da Pizza se tornará o mais importante dos nossos bravos Ministérios, e de que uma vez regularizada a questão da Pizza, nosso país entrará nos eixos, a marolona vira marolinha, o pibinho, pibão, o dólar não sobe nunca mais, e até o Eike Batista volta a ganhar grana.

Wednesday, July 3, 2013

Armações

A armação é o único setor em aberto na seleção brasileira para a Copa de 2014? Perguntou um dos jornais paulistas numa enquete hoje. 

Disse eu: Há quem diga que é TUDO armação...

Não sou eu dizendo que há armação em tudo, são os outros. Eu sou como a Velhinha de Taubaté, acredito em tudo, em todos, o tempo todo.   

Daí um amigo escreveu no meu Facebook, onde postei a simpática pergunta e meu humilde comentário, que eu deveria tomar um café.

Justo hoje. Ontem não vi que faltava pó de café, e voltei para casa desabastecido. Aliás, ter tinha, mas só um pouquinho, aí improvisei. Juntei o pouco que tinha com o café passado ontem, e tomei. Foi um péssimo começo de dia. O café estava horrível, horripilante, de deixar os cabelos arrepiados. Só não ficaram arrepiados por que uso peruca. Aquele café do começo do dia certamente não me faria evitar um azedume que perdurou o resto da manhã e da tarde, e certamente permanecerá durante a noite.

Daí pensei. De repente vou perguntar para o Felipão, que apesar dos seus recentes fracassos no Palmeiras,  pegou um selecionado que não estava jogando nada, e de repente os caras começam a ganhar tudo. Inclusive, quase goleiam a seleção campeã mundial!!! Tudo sem armação alguma! Certamente o Felipão sabe como transformar um café ferreca, fraco, feito com sobras do dia anterior em um café vistoso, cheiroso, gostoso como a nossa seleção canarinho atual...

Daí lembrei. O Felipão deve entender só de chimarrão, e não de café. 

Voltou o mal humor. 

Friday, June 28, 2013

Besteiras na mídia

Gosto do Evandro Mesquita. Gostava da Blitz. Tinha aquela pegada engraçada, captou bem uma certa época do Rio de Janeiro, com as meninas cantando, rebolando e fazendo bocas e caras. Parecia um pouco demais o B 52's de Altanta em estrutura, embora não musicalmente, porém, tinha sua identidade própria e marcou época.

Se o Mick Jagger não acha ridículo rebolar como se ainda tivesse seus 20 anos, e já está com quase 70, imagino que Evandro, que é muito mais novo do que o inglês tenha lá seu direito de reviver a sua época de mocidade 30 e poucos anos depois. E não mudou muito de aparência, desde a época em que grupo que lhe deu fama estava na ativa.

Pois assisti recentemente um DVD de um show atual da Blitz. Super legal. Aquela coisa de sempre, Evandro cantando a parte principal, e as backings...bem, as backings fazendo backing vocals. Quase nunca as meninas cantavam a parte principal.

Numa música na qual o vocal principal era das meninas, "Era um biquini amarelinho", o Evandro (ou algum outro gênio musical) vai e convida justo quem, a Ivette Sangalo e aquele vozeirão de Noriel Villela para cantar a música!! A graça toda da canção era a vozinha fininha, quase infantil e debochada, usada pela Fernanda Abreu e outra cujo nome esqueci. Com a Sangalo ficou simplesmente ridículo. Meio que nem colocar o Pavarotti cantando músicas do João Nogueira...

Agora, pensa no seguinte. O tal do Marcelo Rezende. Quem o cara quer enganar? Ele fala mansinho, com aquela voz de mineirim contando causo com capim na boca, entretanto, segundo as fontes da Internet, o cara nasceu no Rio de Janeiro!!!! Sem contar que às vezes parece que se esquece do mineirês, e fala com uma bela, retumbante e sonora dicção de um locutor de rádio! Consistência, meu, pelo menos seja consistente se quer fazer um personagem.

Quanto às novelas da Record. Francamente...é verdade que as novelas da Globo já viram melhores dias. Estou vendo o Bem-Amado de 40 anos atrás em DVD, rolando de rir, roupas coloridíssimas. É bem verdade que a novela era ambientada na Bahia, e aparentemente só o Odorico Paragurassu e alguns outros tinham o sotaque do local...O resto usava um forte carioquês de Ipanema sem qualquer pejo. Tudo bem, eram outros tempos, de repente a censura não gostava de muito sotaque. Porém, as novelas atuais da Record...Se é assim que o Bispo Macedo pretende sobrepujar a Globo, está perdido, ainda tem muito trabalho pela frente. De modo geral, a qualidade da dramaturgia é bem fraca na Record, tudo muito exagerado e forçado. Só pode ser culpa dos diretores ou os atores são muito capengas mesmo.

Vou me meter no território dos 3 Porquinhos, que me desculpem. O Lobão no seu manifesto escrito, parece querer ser tudo para todos. Ou o oposto do que pensam que é. Roqueiro que aprecia Jane e Herondy, bem lido, que usa vocábulos difíceis com desenvoltura, e um grande intelectual da direita brasileira. Também disse, aqui e acolá, que nada tem contra religiosos honestos. Não define o que vem a ser religioso honesto, ou desonesto. Fica claro que não gosta da Assembleia de Deus, sempre se refere à mesma com um pé na frente e outro atrás. Entretanto, a maior gafe cometida pelo nosso star de ronquenrou, foi dizer que em Manaus, quando passou na rua, um grupo de evangélicos horrorizado com a sua presença, começou a fazer o sinal da cruz para espantá-lo dali. Na sua ânsia de vomitar seu óbvio preconceito, Lobão demonstra sua ignorância em temas religiosos (também demonstrada em diversas outras áreas): evangélicos não fazem o sinal da cruz, Lobão. Católicos fazem o sinal da cruz.

Saturday, June 22, 2013

A simples solução para o Brasil no curto prazo - ou não

Não se assustem. Não sou conselheiro da presidenta Dilma. Na realidade, nunca fui, nem pretendo ser servidor público. Nada tenho contra servidores públicos, porém, me adequo mais à iniciativa privada, pois não sou uma pessoa muito política. Em suma, não é minha praia. Minha praia, na realidade, é a praia. Que por sinal, estava ótima hoje.

Voltando ao assunto sério, e vou deixar o lado jocoso de lado agora, só vejo uma solução de curto prazo para o Brasil, no momento. Obviamente, é uma solução das  mais pacíficas, e incrivelmente, política além de racional. Nada de golpes, impeachment, lei marcial, revolução ou quebra-quebra. Isso não resolve nada.

O povo brasileiro obviamente tem uma série de reivindicações e preocupações. Nos últimos dias, pudemos ver que além do aumento de R$0,20 nas passagens de ônibus em SP e outros lugares, o povo quer a retirada de Calheiros da presidência do Senado, preocupa-se com a remoção de poderes investigatórios do Ministério Público, redução de idade para responder a processos criminais, eliminação do voto obrigatório, Ato Médico, cura gay, inflação e a corrupção. Ainda acho que o grande problema é a iminência da volta da hiper-inflação, mas, suponhamos que realmente não seja este o ponto crucial da revolta popular.

Só um ingênuo poderia crer que algo pode ser realmente feito em relação à corrupção num curto espaço de tempo. Afinal de contas, é um problema que temos desde 1500, quando os primeiros portugueses pisaram no Brasil. Alguns destes foram comidos, e outros recebidos como deuses, e agraciados com um monte de mulheres pelos índios. Este último teria sido o primeiro ato de corrupção da nossa pátria. Comprar a paz de invasores (ou deuses), em troca de mulherada. Podem rir, mas é sério. Seríssimo.

Sendo assim, a corrupção está na nossa política há muito tempo, 513 anos para ser exato. Entretanto, no Brasil temos a mania de achar que nossa política é a única corrupta do mundo. Enganam-se. Existe em todos os países, inclusive nas civilizações consideradas mais civilizadas! A roubalheira no sistema de medicare nos EUA, por exemplo, soma aproximadamente 100 bilhões de dólares por ano.  Quanto a impunidade, um ex-presidente de uma rede de hospitais que mais roubou do Medicare nos anos 90 hoje ocupa o governo do estado onde vivo. E nunca foi punido pelo ato da empresa que chefiava. Onde existe política, existe corrupção, por que o poder intrinsicamente corrompe.

Isto posto, não significa que nada deva ser feito. Segundo escrevi anteriormente, o combate à corrupção no Brasil tem que começar com todos nós, eliminando o "jeitinho" brasileiro do nosso dia a dia, a lei do Gerson da qual tanto nos orgulhamos. Quando escrevi isso outro dia, muita gente não gostou, inclusive disseram que parecia artigo encomendado pelo PT...

Voltanto à solução. Para mim é claro que Brasília precisa elencar as reivindicações principais, que possam ser constitucionalmente resolvidas com um sim ou não, e deve então realizar um grande plebiscito nacional. Ouviram bem, a solução fácil é um plebiscito.

Existem aqui dois perigos grandes, porém uma grande vantagem. A vantagem é que o povo quer seu ouvido, e esta é a única maneira de ser efetivamente ouvido. Os dois grandes perigos são os seguintes. Se somarmos o número de pessoas que efetivamente foi às ruas em todas as cidades, provavelmente, temos 20 milhões de almas. Isto corresponde a 10% da população brasileira, e provavelmente 15% do eleitorado (considerando que muita gente que foi ás ruas também não tinha idade eleitoral). Estas são as pessoas que se importam o suficiente com os problemas para ir às ruas e enfrentar a polícia. Existe uma possibilidade que estas pessoas não representem a vontade da maioria do eleitorado brasileiro, portanto, se perderem no plebiscito, devem acatar a decisão da maioria.

O outro grande perigo é acostumar o povo a plebiscitos. Não existe nenhum país do mundo governado por plebiscitos, e não creio que o nosso difícil Brasil será o primeiro. O povo terá que entender que esta é uma medida extraordinária e uma oferta de boa fé do governo.

Sei que provavelmente não sou o único a pensar assim, e tenho certeza inclusive que a própria presidenta já pensou no assunto. Também estou ciente de que o "establishment" político não vai gostar muito desta história, até porque democracia plena é uma coisa complicada, complicadíssima, por que não dizer, utópica.

E de novo, fácil é ser oposição, difícil governar.

Boa sorte ao nosso querido país.

Friday, June 21, 2013

Manifesto dos Três Porquinhos em resposta ao Manifesto do Lobão II

Pois então, Lobão aqui é o Cícero de novo.

Disse que ia falar de roquenrou, vou falar de roquenrou.

Mais primeiro, queria me referir a uma entrevista que você deu num programa, que está no youtube. Nela, você diz que bossa nova é música de elevador e brochante. Diz que a música popular brasileira, a tal MPB, não tem potência, seria música frouxa, de frouxos para frouxos. Bem, Lobão, não sei tocar guitarra ou bateria como você, porém, não sou completamente amusical, arranho um tecladinho. Acho que uma pessoa não pode confundir gosto, e fazer julgamentos negativos sobre um gênero musical inteiro que não aprecia. Eu por exemplo, não gosto de sertanejo. Acho que me faz lembrar da fazenda, sacumé, gente querendo matar nós, os porcos. Deve ser trauma. Porém, não tiro o mérito deste tipo de música, como não tiro do hip-hop, outra música que não me agrada.

Quanto à bossa nova ser música de elevador, se não me engano, a sua música mais regravada por outros, e quem sabe a mais famosa, com a qual você estourou, era o "Me chama", uma baladinha bem elevadoresca.

Mas lendo o seu livro, às vezes você parece ser contra o roquenrou brasileiro, ás vezes à favor, fica tudo muito estranho. Com certeza, você se acha. Se acha um ícone do roquenrou brasileiro. E até é. Só que de rock internacional...

Concordo com você que de modo geral o rock brasileiro é mal gravado. Tá certo que em certa época só havia gravadores de 8 canais ou menos, mas mesmo quando apareceram as grandes máquinas, o som sempre foi bem frouxinho.

Mas o roquenrou brasileiro é um estilo em si próprio, que não pode se equiparar ao rock internacional. Como o nosso sertanejo não pode ser comparado ao Country Music americano.

Primeiro as vozes. Desculpe, Lobão, mas você não canta nada! E o rock internacional tem vozes como Robert Plant, Jon Anderson, Dennis de Young, Steve Perry, Noddy Holder, Roger Daltrey, Paul McCartney, Ian Gillan, David Byron, Steve Walsh (Kansas), Ian Anderson, Steve Tyler, Greg Lake, Freddy Mercury, Geddy Lee, Justin Hayward, e uma cacetada de gente. E o nosso rock tem você, Cazuza, Paula Toller, Roger, Evandro, Lulu Santos... Come on!!! Não há comparação. Há um ou outro que se salve. Porém, no Brasil existe aquela tradição do compositor querer ser cantor, para ganhar mais royalties, e dá no que dá. Os cantores de roquenrou brasileiro têm a voz tão xinfrim quanto o Chico Buarque, que pelo menos admite isso numa música  de 1977.

Depois você fala do brasileiro carregar aquela alcunha de povo bem humorado, de bem com a vida, piadista, seríamos alegorias de nós mesmos, étnicos palhaços para o mundo. Se não me engano você até menciona os grupos de pagode e seus eternamente sorridentes rostos. Não sei não, Lobão, mas no roquenrou brasileiro também há uma certa tradição de Mamonas Assassinas, Eduardo Duzek, Leo Jaime, Blitz, Paralamas de fazer letras piadistas, desde a época dos Mutantes e da Rita Lee. Se os letristas de roquenrou brasileiro não são levados muito à sério, acho que parte da culpa é deles. Inclusive você.

Já no rock internacional, a tradição, pelo menos nos anos 60 a 80, era fazer letras sobre temas relevantes e sérios. Você diz odiar canções de protesto, e músicas com motivos "esquerdistas", então, detesta grande parte do rock internacional feito nos anos 60 a 80! Ou então, não entendia as letras.

Por outro lado, você reclama que a MPB, calcada na Semana de Arte Moderna de 1922, se atém a temas brasileiros, pobreza e escambau. Sei, entretanto, que você entende inglês, portanto, sabe muito bem que grande parte das letras de grupos ingleses de 60 a 80, se atinha a temas ingleses, principalmente da classe trabalhadora, e as letras dos americanos, sobre a vida americana. Queria você o que, que escrevessem sobre a Finlândia ou Indonésia?  As pessoas escrevem sobre o que conhecem, me parece lógico.

Quanto a instrumentação, nosso roquenrou realmente se aproxima mais de música pop, do que qualquer outra coisa. Como você disse, todo mundo toca meio embolado, mas os bateristas também não tocam muito nos pratos, parecem ter medo dos pratos. Pratos não mordem!

Assim que, se o nosso roquenrou produziu alguma músicas engraçadinhas e algumas boas, porém, de modo geral, fica a dever ao rock inglês, americano, e mesmo ao alemão, canadense e australiano. Está longe de ser a música de melhor qualidade instrumental, harmônica e melódica produzida no Brasil.

Meus irmãos Heitor e Prático concordam comigo, e assinam em baixo. Só que Heitor estava com preguiça, e Prático, ocupado.


O GRANDE PUM

Quem nunca sentiu problema com gases? Duvido que haja alguém neste mundo, por mais saudável que seja a sua dieta, que não tenha experimentado este tipo de problema.  É difícil crer que os mesmos alimentos que nutrem o nosso ser, no seu processo de digestão gerem gases que causem tanto desconforto. Os gases internos parecem apertar todos os órgãos, e às vezes dão a sensação de que estamos tendo um ataque cardíaco, derrame ou que a morte nos espera em poucos segundos. Sentimo-nos inflados, prontos a explodir.

Não sou um insensível, quem sabe um pouco irônico além da conta, mas de modo geral, sou um cara higiênico, gosto de passarinhos, patos e flores, tenho a minha dentição completa, embora a dentista insista em querer arrancar meus dentes do siso. Tenho medo disto, de perder o pouco siso que me resta.

Sei que comparar a recente onda de manifestações a uma grandiosa flatulência pode parecer desrespeito ao povo verde-amarelo, porém não é. Sou verde-amarelo também, afinal de contas. As manifestações estão sendo como um grande pum que está trazendo alívio para o povo que está sofrendo com um  problema antigo, gases que inflam as suas contas bancárias, carteiras e aplicações.

Eis a poesia no meio das minhas divagações digestivas, analogia das analogias, desculpem o pseudo trocadilho. Sim, é o inimigo de sempre, que parece estar ameaçando a nação de volta. A maléfica, terrível, diabólica inflação que corrói a economia popular, erode os investimentos, e faz do Pibão um Pibinho.

Não se enganem. Alguns dizem que o povo foi para a rua meramente por causa da corrupção. O povo foi para a rua pela mesma razão que foi para a rua em 1964 e 1984: advinhou, a inflação que começa a mostrar suas garrinhas.

Em 1964, um pouco antes do golpe, o processo inflacionário já estava completamente fora do controle como nunca dantes no país. Algo tinha que ser feito. Alguns até hoje vêm o golpe como uma questão meramente ideológica, de direita contra esquerda, capitalismo contra comunismo, sargentos contra generais, porém, a realidade é que o povo só foi para a rua quando a inflação parecia estar fora de controle do governo atual.

De maneira análoga, embora já vivêssemos com um processo inflacionário desde o choque do petróleo de 1974, na realidade as coisas se agravaram a partir de 1980, quando se deu início à década perdida da nossa amável nação. Após a deprimente moratória  de 1982, que nos trazia de volta à condição de mera república de bananas, o povo começou a cobrar dos militares a prometida volta ao governo civil. Entretanto, a meu ver, o estopim da coisa não foi as Diretas Já em si, mas sim a esperança de que um novo tipo de governo pudesse estancar o processo inflacionário.

Tanto é que apesar de todo barulho, as eleições ainda não foram Diretas em 1984, e foi eleito o Sr. Tancredo, porém, inexplicavelmente quis o voluntarioso destino que levasse os louros o Sr. Sarney. Levous os louros, morenos e carecas. O povo se aquietou, pois afinal de contas o presidente não vestia fardão verde nem andava a cavalo, e sim portava um jaquetão que ficou famoso no imaginário político brasileiro e era dado às letras.

Depois, a continuação da teimosa inflação levou às diretas de 1989 e ao impeachment de Collor em 1992.

Agora, depois de um outro período de milagre brasileiro, diga-se de passagem, um período em que tivemos marolinha enquanto o mundo passava por um tsunami, de novo o povo vai às ruas, indignado.

Já diziam os romanos, pão e circo.

Meu postulado é simples, portanto, permitam-me compartilhar a minha simplicidade com o mundo. Durante os nossos anos de milagre mais recentes, a corrupção já existia solta, de fato, para todo lado, e estava sendo divulgada nos jornais. Na realidade a questão Mensalão apareceu bem no meio do milagre. O povo nada fez. Ficou comprando seus celulares, financiando seus carros em 96 prestações, pagando tudo em dez vezes sem juros, viajando cinco vezes para a Disney alguns, e comprando carne frequentemente pela primeira vez na vida, outros. Todos estavam felizes em ficar em casa, assistindo o Ratinho ou novelas.

Portanto, assim como em 64 e 84, a principal causa, o motor principal da ira popular é a inflação que ameaça o país mais uma vez. Este bafo infernalmente quente que infla os mais remotos recônditos dos intestinos da nação, que causam desconforto e dor, está ameaçando voltar com tudo.

Ou seja, um grande pum é o que estamos testemunhando.  

Sou o Casagrande, não me assaltem!!!

Sou o Pelé, não me assaltem!!!

Sou a Beth Carvalho, não me assaltem!!!

Sou o Moraes Moreira, não me assaltem!!!

Curioso, sempre que uma celebridade é assaltada, supostamente procuram sair da fria apelando para a sua condição de queridnhos da nação. Até o Pelé, que diga-se de passagem gosta de se referir na terceira pessoa,  acabou sendo assaltado em plena cidade de Santos, onde ainda hoje é venerado apesar das suas criativas dissertações sobre N questões. Pelo menos desta feita aplicou a primeira pessoa, não se referiu a um Pelé distante! Aparentemente, a popularidade nesta hora não vale absolutamente nada. Nessa hora, o assaltante é imparcial, como deveriam ser os juízes e conclui o seu "trabalho". Quem sabe, está mesmo é com a cabeça cheia de crack e não reconheceria nem a própria mãe. Sim, por que eles consideram isso um trabalho, vejam só! Bom, tem gente que rouba muito mais e também acham que estão trabalhando...

A um tanto esquecida Susana Werner foi a última celebridade a sofrer nas mãos dos fascínoras. Mas a moça ainda tão desaparecida que só mesmo assaltantes colecionadores da revista Caras conseguiriam reconhecê-la.

Para te falar a verdade, com assaltante brasileiro não tem jeitinho. A única coisa que não jeitinho no Brasil é com assaltante. Acho que até a Madre Teresa seria assaltada na maior moral pelos manos, que depois pediriam uma bênção. Quem sabe os ladrões fariam uma exceção para o Fernandinho Beira-Mar, mais por medo de represália do que qualquer outra coisa.

O que mais me chama atenção nisso tudo é que as celebridades, acho que já tão acostumadas com as portas abertas de sua condição, nutrem que o mesmo favoritismo que lhes garante portas abertas e cortesias nas baladas, teatros, palácios e festas, na realidade vai colar com um assaltante. Ora, pelo menos as celebridades têm grana para queimar, que nós, menos abastados seres normais não temos. Os famosos deveriam aceitar o assalto com mais dignidade.

Realmente terrível é um cara pobre que está com os últimos 20 mangos no bolso ser assaltado e ainda levar uma cacetada por ter pouca grana! Que ele vai dizer, "Sou o Zé da Pinga?".

Ainda assim acho que os assaltantes deveriam ter um pouco mais de consideração com o populacho. Um Ministério da Pobreza poderia emitir carteirinhas, em cor vermelha brilhante, que seriam apresentadas aos assaltantes na hora do ato. Assim o assaltante saberia que estava lidando com um pobre, e não com o Pelé!

Dossiê bombástico sobre a corrupção, Quem é quem

Sabe, corrupção é meio que nem pimenta.

Se você já:

Sonegou impostos
Trouxe produtos do exterior para vender no Brasil sem declarar à alfândega
Pagou propina para fiscal ou policial ou funcionário público
Colou em prova
Pediu ou obteve emprego com pistolão
Já teve um emprego no qual recebia cheque sem trabalhar
Recebe pensão à qual não teria direito
Já comprou drogas ilegais
Mentiu
Já pediu atestado médico falso
Recebeu indenização indevidamente
Processou alguém sem causa justa, só para preservar seus interesses
Haqueou o computador de alguém
Abriu carta de outra pessoa
Traiu a esposa ou o marido
Maquilou o balanço da sua empresa
Apresentou um texto tirado da internet como seu fosse trabalho seu
Exagerou para fazer uma venda
Fez gato para obter eletricidade, TV a cabo
Trocou a etiqueta de um produto para pagar menos
Não pagou uma bebida no bar e foi embora
Escreveu um anúncio maravilhoso, enaltecendo um produto que sabe que é uma porcaria
Disse que fez um trabalho, quando foi feito por um colega
Distorceu uma informação só para ganhar uma discussão
Obteve atestado falso para escapar do serviço militar
Exagerou tiragem de publicação para vender anúncio
Obtém acesso gratuito na internet do vizinho
Maquilou dados para obter patrocínio
Fez declaração falsa para ganhar processo na justiça
Comprou disco, CD, software pirateado (ou obteve de graça)
Fez upload ilegal na internet
Correu com carro fora do regulamento
Se fez passar por advogado para obter informações para escrever um artigo
Usou crachá de outra pessoa para entrar num lugar de graça
Deu presente a funcionário público esperando favor de volta
Testemunhou um crime e se miguelou
Fingiu sofrer pênalti num jopgo de futebol
Votou num político esperando que resolva uma causa sua
Usa detector de radar para evitar multas de trânsito
Tomou dopping para fazer esporte
Ganhou grana por baixo do pano para autorizar negócio com uma empresa
Cobrou um preço excessivo por um serviço ou produto
Rouba em jogo de carteado
Passou por baixo da catraca do ônibus sem pagar
Usou qualquer documento falso

...e muitas outras coisas.

Haja megabytes para listar tudo.

Desculpe, você é tão corrupto quanto a rapeize da política. Confesso que eu mesmo já fiz diversas coisas enumeradas acima.

O dicionário do Aurélio define corrupção como 1. Ato ou efeito de corromper, decomposição, putrefação. 2. Devassidão, depravação, perversão. 3. Suborno, peita.

Entenda, com isso não estou querendo dizer que não devemos lutar contra a corrupção na política. Porém, nós como povo brasileiro, devemos melhorar bastante na área da ética, daquilo que entendemos como adequado, próprio, aceitável, e incorrupto, se queremos  cobrar dos nossos políticos uma postura mais ética.

Se você pratica, ou pensa em praticar uma dessas coisas hoje, pare, e reflita. Comece a lutar contra a corrupção na sua casa, com toda sua força. Lembre-se, não há corrupção grande ou pequena. Há corrupção PONTO FINAL.

Manifesto dos Três Porquinhos em resposta ao Manifesto do Lobão I

Nós, Cícero, Heitor e Prático, mais conhecidos como os Três Porquinhos, queremos aproveitar a onda da manifestações no Brasil, e fazer nosso manifesto contra o manifesto do Lobão, editado em forma de livro. Eis o que nós pensamos.

Cícero - Lobão, seu livro tem seus momentos interessantes, mas de modo geral é chato. Não sei se já te falaram, escrever bem não significa enfiar um monte de adjetivos difíceis no texto, dois para cada substantivo. Isto torna a narrativa pesada, difícil de acompanhar, e de fato, embora possa esconder nuances de uma latente intelectualidade, as ideias subjacentes não ficaram nada claras nos seus textos sobre política e sociedade brasileira. De fato, o seu texto mais legal é justamente sobre música (embora algumas ideias sejam um pouco difíceis de engolir, verdadeiras viagens na maionese e imaginação), quando você deixa de lado uma desconhecida erudição e fala de forma clara sobre um assunto que entende, como o Lobão que estamos acostumados a ouvir. Quando você tenta ser erudito, seu texto parece a sua descrição do Gilberto Gil falando sobre a "pimboleta da parafuseta". Além do que, você usa construções esquisitas, tentando parecer algo que não é - um intelectual de carteirinha. Considero o último capítulo, que você deve ter achado genial, o texto mais chato já escrito na história do Universo! Aviso aos navegantes - o texto é tão maçante que pode moer a sua massa cinzenta, derreter a branca e causar dados cerebrais permanentes.


Heitor - Ok, Lobão, entendemos a sua frustração. Chico, Gil e Caetano, apesar de todas as suas idiossincrasias, recebem todos os louros, e você, auto-intitulado rei do roqueenrou brasileiro, fica às margens. Eu também não sou fã do Fidel Castro, Che Guevara, etc. Porém, Lobão, deixa eu te dizer uma coisa que você não vai gostar. A maioria das pessoas, quando ouve uma música, está se lixando para a letra. É verdade. Se fala de Cuba, se canta louvores a Guevara, ou se diz que é fã do Maluf, não interessa. O pessoal até pode repetir as letras como papagaios, mas não reflete sobre o que dizem. Cantam "vou apertar um mas não vou fumar agora" sem saber o que isso quer dizer. Por isso mesmo músicas em inglês fazem tanto sucesso no Brasil. E o povo canta "uí are de one, uí are de chilum", sem ter a mínima ideia do que quer dizer! E ficam se achando. Soou bem, que ótimo. Isso deve frustrar vocês, letristas, pois a maioria só tá ligada no conjunto, no som geral, tipo "ai mina aperta a minha mão, alá meu only you, no azul da estrela" - significa algo para você? Não, mas é uma grande música da Cor do Som, e a letra do Fausto Nilo se encaixa bem. Sendo assim, eu na minha humilde porquice ouço o Chico Buarque há um monte de anos, curto sua música, e nunca fui "doutrinado" para os lados de La Habana. Capisce? Eu e a torcida do Flamengo somos assim. Sendo assim, a sua bronca contra eles é um tanto infantil. Tome um valium, siga o conselho da Marta Suplicy. Vou escrever mais sobre o assunto depois, isto é só começo, Sr. Lobão.


Prático - Lobão,  conforme diz meu nome, sou prático. Entendo que o seu livro tem o intuito de cancelar todas as suas participações em comícios do PT, como se nunca tivessem acontecido. Aliás, parece que você se desiludiu com o partido, não é mesmo? Agora, querer fazer uma reengenharia da sua pessoa, e querer se apresentar como o novo porta-voz da direita, ou algo que se pareça com esta, me faz rir ao ponto de perder minha praticidade, da qual tanto me orgulho. Queira ou não, o que está feito, está feito. It is what it is. Você teve todas as oportunidades do mundo para pensar se queria ou não emprestar seu nome para um ou outro partido, ser formador de opinião, como os músicos e atores tanto gostam de ser chamados no Brasil. Formou a opinião, danou-se. Formar opinião carrega uma responsabilidade. Agora para voltar atrás vai ser difícil.

Nós três, Cícero, Heitor e Prático, apesar de porcos, somos humanos e justos. Sendo assim, queremos louvá-lo pela sua amizade com o falecido pato Tony. O ponto alto de livro, diga-se de passagem.

Brasil, país chique do úrtimo!!!

Outro dia, um amigo  pediu que lesse um texto que escreveu num blog, sobre sua experiência numa manifestação em Sampa. Bacharel em direito recém formado, foi à Paulista munido de câmera de filmagem e com a assistência de um colega de facu. Prepararam um pequeno script, e foram à luta, pretendendo fazer perguntas a uma ampla gama de pessoas, desde arrumadas patricinhas que descobriram seu lado cívico, travestis perdidos achando que era a parada Gay de novo, operários, estudantes, até aposentados caquéticos e moradores de rua.

Chegaram perto de um óbvio morador de rua, e este disse enfaticamente, ao ver que queriam entrevistá-lo "only English!". Que baita surpresa! Que chique!!! Coisa de Daslu, Oscar Freire! Um morador de rua que só fala inglês! Descobriram que o cara era da África do Sul, e agora estava exercendo a sua nobre e antiquíssima atividade em terra brasilis. Diga-se de passagem, a diferença de nobre para pobre é uma letra só.

Globalização na mendicância! Que chique!

Como somos um país da diversidade, acho que inclusive deveríamos importar alguns moradores de rua francófonos, se não da França, de alguns dos diversos países da África que falam o francês. Quem sabe nosso parceiro presidente da Guiné Equatorial, que tem um senhor AP na Vieira Souto, possa nos ajudar. Seria chique do úrtimo termos pedintes multilíngues nas nossas ruas. Falantes de espanhol não precisam vir, já deve haver bolivianos às pencas. Portugueses não vale, pois falam português, afinal de contas. Poderiamos trazer alguns do Suriname para falar holandês, além de aliciar gregos, que devem estar fazendo qualquer negócio a esta altura do campeonato. Russos e mendigos do leste europeu seriam bem-vindos. Devemos estabelecer um sistema de cotas para os indianos, senão vira bagunça.

Difícil vai ser arranjar pedintes japoneses. Já repararam como não tem mendigos japoneses? Por que será que não existem mendigos japoneses? Algo eles fazem de certo naquela sociedade...

Thursday, June 20, 2013

Ibope ou Bope

A grande luta agora será entre as emissoras de TV, querendo segurar os telespectadores com transmissões das manifestações a la desfile de carnaval e as manifestações propriamente ditas. Quem dará mais ibope?

Ibope ou Bope, eis a questão. Aliás, com Bope dá mais Ibope. Ou não?

Acho muito positivo que o povo esteja dizendo o que pensa, embora, francamente, isto esteja parecendo um casal que está junto há anos, um belo dia começa a discutir sobre os méritos do bacalhau na culinária portuguesa, e daí quebram o pau, começam a falar sobre tudo que está errado no seu relacionamento, há muito tempo. E se separam.

Os governos voltaram atrás no tocante às passagens de ônibus. Ok. e agora?

Supostamente, o X da questão seria a corrupção. Daí, sai no jornal, no Estadao, que o BID estaria fornecendo US$18 milhões para financiar o combate à corrupção. Sob a tutela do presidente do Senado. 

Para começo de conversa, se a corrupção é tão onipresente como dizem tanto, 18 milhas não dá para combater a corrupção em Caxumirim do Campanhão.  De fato, o valor é inferior a muitas das comissões pagas por aí.  É o que dizem, não sei.

Voltando ao meu pensamento, se é que podemos chamar este bando de impulsos eletromagnéticos de pensamento ordenado. Tive uma semana difícil, perdoem-me. Parece que a coisa começou com um assunto, e de repente, vieram à tona dezenas de outros assuntos, alguns de cunho regional, e desconexos. Ou seja, há muita pendência entre o casal, o povo e o governo. 

Se os atos continuarem, creio que o pessoal que paga um dos metros quadrados mais caros do mundo para ter escritório na Avenida Paulista vai ficar aperreado. Daí a minha ideia de um manifestódromo. Mais organizado, com camarotes de cervejarias, inclusive. Ou de fabricantes de pinga, para ser mais populista. 

Se o Bope estiver na parada, com certeza vai dar mais Ibope. Ou não?

Bem-vindo ao manifestódromo

Quem sabe a Avenida Paulista será transformada num imenso manifestódromo?

Nele poderemos realizar diversos desfiles de blocos de manifestantes, cada um pedindo uma coisa diferente. Afinal, a onda de protestos começou com passagens de ônibus, e logo se aprofundou por outros temas como inflação, corrupção, Copa no Brasil, metro, aeroportos, bancos,  partidos políticos, cura gay, cura hetero, o dólar, o Euro, o mil-réis, a volta da família real ao poder... Só faltou gente protestando a ida do Neymar para a Europa.

Pois a criação de um manifestódromo poderia resolver este problema. Durante quatro dias por ano, grupos de manifestantes poderiam desfilar, e apresentar ao público presente, assim como os senhores telespectadores, as suas pautas, as suas querelas. Quem sabe, poderiam fazer uso de belíssimos carros alegóricos, e cantar belas músicas compostas sobre o seu tema!

Pensa no seguinte: Tenho certeza que as TVs iam adorar, e entusiasmados narradores discorreriam sobre os detalhes mais específicos dos anseios de cada grupo. Turistas do mundo inteiro viriam para o manifestódromo para curtir civismo com civilidade. Seria um luxo!!!

Todo ano, grupos seletos de panicats, globelets e cantores de sertanejo universitário com justíssimos jeans e vozinhas altíssimas julgariam quem seria o grupo vencedor. E a causa do vencedor seria acolhida pelo governo sem questionamento, e todo mundo ficaria feliz! Tudo isso monitorado e organizado pelo Ministério das Manifestações, é lógico!

Que tal, Percival?